12 mitos e factos sobre a FIV: a verdade por detrás de cada um
Guias
31 Jul 2025
Mitos e informações falsas sobre a FIV
A fertilização in vitro (FIV) já transformou a vida de muitas pessoas que enfrentam dificuldades em engravidar. No entanto, os mitos e as informações falsas podem tornar esta experiência mais difícil do que precisa de ser e, em alguns casos, até levar a que se adie demasiado a procura de ajuda.
Este guia pretende esclarecer os mitos mais comuns sobre a FIV, com explicações claras do Dr. Vladimiro Silva, o Diretor Científico da Ferticentro.
Facto: A FIV é um dos tratamentos de fertilidade mais eficazes disponíveis atualmente e já ajudou milhões de pessoas a engravidar. Mas não garante uma gravidez.
Este tratamento aumenta de forma significativa as probabilidades de sucesso, sobretudo em mulheres mais jovens e sem problemas de saúde, mas os resultados podem variar.
Entre os fatores que influenciam o sucesso da FIV estão:
A idade da mulher que fornece os óvulos
O estado de saúde de ambos os parceiros
A qualidade do esperma e o desenvolvimento dos embriões
A causa da infertilidade
A experiência e abordagem da clínica de fertilidade
Por exemplo, em mulheres com menos de 35 anos, a taxa de sucesso pode ultrapassar os 50% por ciclo. Já em mulheres com mais de 42 anos, esse valor pode descer para menos de 20%. Ainda assim, estes números dão esperança a muitas pessoas que não conseguiram engravidar naturalmente.
O Dr. Silva refere:
“O sucesso nunca é uma garantia, mas trabalhamos lado a lado com cada paciente para lhes oferecer a melhor probabilidade possível, tendo em conta a sua situação individual. A FIV traz esperança e, muitas vezes, também traz resultados.”
Mito 2: A FIV resulta sempre a gémeos ou trigémeos
Facto: Este cenário era mais comum no passado, sobretudo porque muitas clínicas transferiam dois embriões para aumentar as probabilidades de sucesso. Em alguns casos, ambos se implantavam, resultando em gémeos. Muito raramente, um único embrião pode dividir-se e originar gémeos idênticos, mas isto acontece só em cerca de 1 a 2% dos casos.
Embora a ideia de uma gravidez gemelar possa parecer atrativa, é importante lembrar que envolve riscos acrescidos em comparação com uma gravidez única, como:
Parto prematuro
Baixo peso à nascença
Diabetes gestacional
Pré-eclampsia (condição grave que afeta a tensão arterial e a função dos órgãos)
Maior probabilidade de cesariana
Maior probabilidade de necessidade de internamento em cuidados especiais para recém-nascidos.
Risco aumentado de complicações para a mãe durante o parto
Devido a estes riscos, a maioria das clínicas, atualmente, recomenda a transferência de apenas um embrião de qualidade de cada vez. O objetivo é alcançar uma gravidez saudável e segura, com o menor risco possível.
O Dr. Silva acrescenta:
“Seguimos as boas práticas atuais: transferimos apenas um embrião sempre que possível. Assim, mantemos as probabilidades mais elevadas de sucesso e, ao mesmo tempo, reduzimos os riscos para a mãe e para o bebé.”
Mito 3: O resultado positivo da FIV depende apenas da idade e da saúde da mulher
Facto: Embora a idade e a saúde da mulher sejam fatores importantes, o sucesso da FIV não depende apenas dela. Os fatores da fertilidade masculina, como a quantidade, forma e mobilidade dos espermatozoides, são igualmente importantes.
Os desequilíbrios hormonais, problemas de saúde não diagnosticados e hábitos de vida de qualquer dos parceiros também podem influenciar os resultados.
Aspetos como fumar, ter uma alimentação pouco saudável, viver com níveis elevados de stress ou não tratar problemas médicos existentes pode reduzir a eficácia da FIV.
O Dr. Silva explica:
“Avaliamos, testamos e preparamos sempre ambos os parceiros para termos uma visão completa da fertilidade e aumentarmos as hipóteses de correr bem. Nunca se trata apenas de uma pessoa.”
Mito 4: A FIV é extremamente dolorosa e agressiva para o corpo
Facto: A FIV envolve várias etapas médicas, como injeções hormonais, análises ao sangue, ecografias e procedimentos como a recolha de óvulos e a transferência de embriões. Mas, para a maioria das pessoas, estas etapas são mais desconfortáveis do que dolorosas.
É comum sentir algum inchaço abdominal devido à estimulação dos ovários, fadiga causada pelas alterações hormonais ou maior sensibilidade emocional durante o processo.
Os procedimentos em si são rápidos e indolores ou realizados sob sedação ligeira.
Muitos pacientes referem que, depois de compreenderem o processo e se sentirem acompanhados pela equipa médica, tudo se torna muito mais fácil de gerir do que imaginavam inicialmente.
Mito 5: A FIV faz com que se esgotem os óvulos mais depressa ou provoca menopausa precoce
Esta é uma preocupação comum, sobretudo em primeiras experiências com a FIV. Algumas mulheres pensam que estimular os ovários para produzirem mais óvulos durante o tratamento pode “gastar” a reserva mais depressa e levar a uma menopausa precoce, mas não é verdade.
Todos os meses, os ovários iniciam naturalmente o desenvolvimento de um conjunto de óvulos, chamados folículos.
Normalmente, apenas um amadurece e é libertado na ovulação. Os restantes acabam por se perder e são reabsorvidos pelo organismo.
Na FIV, a medicação hormonal simplesmente estimula mais óvulos desse mesmo grupo mensal a amadurecerem em simultâneo, para que possam ser recolhidos e fertilizados.
O Dr. Silva esclarece:
“Não está a usar mais óvulos do que aqueles que o seu corpo já iria perder nesse ciclo. A FIV não retira óvulos de ciclos futuros, nem afeta a sua reserva ovárica de forma prejudicial.”
Mito 6: Deve evitar todo o exercício físico durante a FIV
Facto: Não precisa de deixar de ser ativa só porque está a fazer um tratamento de FIV. Na verdade, o exercício físico leve pode ser benéfico.
É uma forma eficaz de reduzir o stress, melhorar o humor e manter o corpo ativo e saudável. O importante é ter atenção ao tipo de atividade que escolhe:
Caminhadas, alongamentos ou ioga leve são opções seguras. Deve evitar treinos de grande impacto ou demasiado intensos. Manter-se ativa de forma calma e moderada pode ajudar o seu bem-estar durante o tratamento.
O Dr. Silva aconselha:
“Recomendamos manter alguma atividade física, mas é sempre importante confirmar com a sua equipa de fertilidade o que é mais adequado para si.”
Mito 7: A FIV faz ganhar muito peso
Facto: É normal preocupar-se com o peso durante a FIV, especialmente por causa das medicações hormonais envolvidas.
Algumas mulheres notam algum inchaço ou retenção de líquidos durante a fase de estimulação, o que pode fazer o número na balança subir ligeiramente, mas é, quase sempre, uma alteração temporária.
Estas mudanças são uma reação do corpo à medicação e não a um aumento real de gordura. Na maioria dos casos, desaparecem pouco tempo depois. Manter uma alimentação equilibrada, beber água suficiente e praticar exercício leve pode ajudar a sentir-se mais confortável e em controlo.
O Dr. Silva refere:
“É raro haver um aumento de peso significativo. A alimentação e o nível de atividade física têm muito mais impacto do que a medicação da FIV.”
Mito 8: É preciso ficar de cama em repouso absoluto depois da transferência de embriões
Facto: Muitas pessoas acreditam que precisam de ficar de cama após a transferência de embriões, mas não existe evidência de que o repouso absoluto aumente as hipóteses de sucesso da FIV.
Pelo contrário, a investigação mostra que a movimentação ligeira e o regresso à rotina diária podem ser benéficos.
Ficar demasiado tempo deitada pode aumentar o stress, provocar rigidez muscular e diminuir a circulação sanguínea, tudo fatores que não ajudam quando o corpo está a esforçar-se para realizar a implantação.
O que deve evitar são atividades de exercício intenso, levantar pesos ou outras atividades que sobrecarreguem o seu corpo.
Mas atividades leves, como caminhar pela casa, fazer pequenas tarefas ou dar um passeio tranquilo, não só são seguras como muitas vezes recomendadas. Mexer-se de forma natural ajuda o corpo a funcionar da forma habitual.
Mito 9: A FIV é apenas para mulheres com problemas graves de fertilidade
À esquerda, um círculo azul com a legenda “Contagem normal de espermatozoides” mostra uma elevada concentração de espermatozoides pretos, distribuídos de forma uniforme. À direita, um círculo amarelo com a legenda “Contagem baixa de espermatozoides” apresenta um número bastante inferior, mais espaçados entre si. Esta apresentação visual lado a lado destaca a diferença entre uma contagem de espermatozoides saudável versus uma reduzida.
Facto: A FIV não é exclusiva para quem tem problemas de fertilidade graves. Pode ser usada em muitas situações e, muitas vezes, é a melhor opção mesmo quando o casal já não tenta engravidar há muitos anos.
A FIV pode ajudar quando não existe uma causa clara para a infertilidade, ou quando já se identificaram fatores como baixa qualidade do esperma ou trompas de Falópio obstruídas. Também é uma boa opção para pessoas portadoras de doenças genéticas e que possam precisar de testes genéticos, assim como para casais de mulheres ou pessoas solteiras que desejam constituir uma família.
Não é necessário esperar até “tentar de tudo” antes de recorrer à FIV. Este tratamento existe para diferentes percursos, seja qual for a situação.
Mito 10: Os bebés concebidos por FIV são menos saudáveis do que os concebidos naturalmente
Facto: Algumas pessoas receiam que os bebés nascidos através da FIV possam ser menos saudáveis do que os concebidos naturalmente, mas não é verdade. A FIV existe há mais de 40 anos e já levou ao nascimento de milhões de bebés em todo o mundo.
Ao longo deste tempo, os investigadores acompanharam de perto o desenvolvimento destas crianças e os resultados são claros: os bebés concebidos por FIV crescem tão saudáveis, felizes e capazes como qualquer outra criança.
Cumprem as mesmas etapas de desenvolvimento, frequentam a escola, praticam desporto e têm vidas satisfatórias. A forma como foram concebidos não afeta a sua saúde física ou mental.
A FIV é simplesmente uma forma de ultrapassar as barreiras da fertilidade. Não altera o amor, o carinho e a biologia que estão na base de um bebé saudável.
O Dr. Silva confirma:
“Não existe qualquer diferença na saúde entre bebés concebidos por FIV e bebés concebidos de forma natural.”
Mito 11: A FIV é sempre o primeiro passo no tratamento da infertilidade
Facto: Muitas pessoas pensam que a FIV é a solução imediata para os problemas de fertilidade, mas na maioria dos casos não é o primeiro tratamento sugerido pelo médico.
Normalmente, começa-se por opções mais simples e menos invasivas, como a medicação para estimular a ovulação ou a inseminação intrauterina (IIU), em que o espermatozoide é colocado diretamente no útero.
Estas abordagens são, muitas vezes, suficientes para ajudar a alcançar uma gravidez.
Normalmente, a FIV é recomendada quando estes tratamentos não resultam, ou quando existe uma razão médica específica para avançar logo para este método, como no caso das trompas de Falópio bloqueadas ou da necessidade de realizar testes genéticos.
O seu médico irá sempre explicar todas as opções disponíveis antes de propor a FIV.
Mito 12: A FIV é apenas uma questão de sorte
Facto: A FIV pode parecer um salto no desconhecido, mas, na verdade, é um processo médico planeado com muito cuidado. Baseia-se na ciência, não na sorte. Cada etapa é calendarizada e adaptada ao seu corpo: desde a medicação à recolha dos óvulos, fertilização e transferência dos embriões. Os especialistas acompanham os níveis hormonais, examinam os ovários e avaliam a qualidade dos embriões para lhe dar a melhor probabilidade possível de sucesso.
É verdade que existem variáveis que não podemos controlar, mas a FIV está longe de ser um jogo de sorte. É uma abordagem estruturada, guiada por especialistas e apoiada por décadas de investigação científica e tecnologia de ponta.
O Dr. Silva conclui:
“É um processo guiado pela ciência. Usamos dados, experiência e tecnologia avançada para tomar cada decisão.”
Considerações finais:
Existe muita informação, muitas vezes falsa, sobre a FIV. Quando está em causa uma decisão tão importante e pessoal como começar uma família, esse ruído pode, rapidamente, tornar-se insuportável. Dedicar algum tempo a conhecer os factos, compreender o processo e esclarecer os mitos mais comuns pode fazer uma grande diferença na forma como se sente: mais confiante e mais apoiada.
Na Ferticentro, acreditamos que o nosso papel vai muito além do tratamento médico. Estamos aqui para oferecer acompanhamento, empatia e cuidados adaptados a cada etapa do seu percurso. Quer esteja a pensar na FIV pela primeira vez ou já tenha iniciado parte do processo, caminhamos consigo com conhecimento e compreensão.
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