Reserva ovariana: porque é importante para a fertilidade

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31 Mai 2025
Mulher em consulta com um médico numa clínica, a analisar a reserva ovariana e a anatomia reprodutiva através de um diagrama digital e de um modelo 3D do sistema reprodutor feminino.

Informações úteis sobre a sua fertilidade

Quando está a tentar engravidar ou a pensar em ter filhos, compreender a sua fertilidade pode parecer um desafio.

Um dos aspetos centrais da fertilidade feminina é a reserva ovariana, ou seja, a quantidade de óvulos que ainda tem nos ovários. Estar a par da sua reserva ovariana pode dar-lhe informações valiosas e ajudá-la a planear a sua família com mais segurança.

Neste artigo, explicamos o que é a reserva ovariana, porque é tão importante e como pode avaliá-la através de testes específicos de fertilidade.

O que é a reserva ovariana?

A reserva ovariana corresponde ao número de óvulos que tem nos ovários em determinado momento da sua vida. Já nasce com todos os óvulos que vai ter: cerca de um a dois milhões. Na puberdade, esse número reduz-se para aproximadamente 300 000 a 500 000.

Todos os meses, várias estruturas nos ovários, chamadas folículos, começam a desenvolver-se. Cada folículo contém um óvulo imaturo. Normalmente, apenas um destes óvulos amadurece completamente e é libertado durante a ovulação. Os restantes acabam por se degradar e ser reabsorvidos pelo corpo, o que faz com que o número total de óvulos vá diminuindo ao longo do tempo.

 

Estar a par da sua reserva ovariana ajuda a perceber o estado atual da sua fertilidade. Esta informação pode ser um guia importante para planear uma gravidez e construir a sua família.

Porque é que a reserva ovariana é importante?

Conhecer a sua reserva ovariana pode ajudá-la a:

  • Entender o seu estado atual de fertilidade
  • Planear o momento certo para tentar engravidar
  • Identificar possíveis dificuldades de fertilidade de forma precoce
  • Discutir opções de preservação da fertilidade, se necessário

É importante ter noção da reserva ovariana porque, como sabemos, a fertilidade diminui com a idade. Os anos de maior fertilidade são, normalmente, entre o final da adolescência e antes dos 30 anos. Depois, a fertilidade começa a descer gradualmente nos 30 e de forma mais acentuada após os 35 anos.

Ter noção da sua reserva ovariana permite-lhe tomar decisões atempadas sobre a gravidez e tratamentos de fertilidade, o que ajuda a reduzir o stress e a evitar frustrações mais tarde.

Como avaliar a reserva ovariana

Existem vários testes que o seu médico pode utilizar para avaliar a sua reserva ovariana. Estes testes analisam os níveis hormonais e o número de folículos visíveis numa ecografia, ajudando a estimar quantos óvulos poderá ter ainda disponíveis.

Contagem de Folículos Antrais

A contagem de folículos antrais é feita através de uma ecografia transvaginal simples e indolor. Durante o exame, o médico conta o número de pequenos folículos (chamados folículos antrais) nos seus ovários. Cada um pode dar origem a um óvulo maduro durante o ciclo.

Um número mais elevado de folículos antrais é, normalmente, sinal de uma boa reserva ovariana. Isto significa que os ovários têm maior probabilidade de responder bem a tratamentos de fertilidade, se forem necessários. Este teste costuma ser feito no início do ciclo menstrual e dá resultados imediatos, permitindo-lhe ter rapidamente uma ideia mais clara da sua fertilidade.

Análise ao sangue para a hormona folículo-estimulante (FSH)

É uma análise ao sangue simples que mede o nível da hormona folículo-estimulante (FSH) no seu organismo. Esta hormona ajuda os ovários a desenvolver e amadurecer os óvulos, por isso, é fundamental para a fertilidade.

O teste é, normalmente, realizado no 3.º dia do ciclo menstrual. Se os níveis de FSH estiverem elevados, pode indicar que os ovários estão a trabalhar mais do que o habitual para amadurecer os óvulos, o que pode ser um sinal de reserva ovariana baixa.

Por outro lado, níveis mais baixos de FSH sugerem, normalmente, um melhor potencial de fertilidade. O seu médico irá interpretar estes resultados, juntamente com outros exames, para obter uma visão mais completa da sua saúde reprodutiva.

Exame AMH (Hormona Anti-Mulleriana)

O teste de AMH é uma análise ao sangue que mede o nível de hormona anti-mulleriana no seu organismo.

Esta hormona é produzida pelos pequenos folículos nos ovários, os mesmos que contêm os óvulos imaturos. A quantidade de AMH no sangue é um bom indicador da quantidade de óvulos que ainda pode ter disponível, razão pela qual este exame é muito utilizado para avaliar a reserva ovariana.

Níveis mais elevados de AMH indicam, normalmente, uma maior quantidade de folículos e uma melhor reserva de óvulos. Níveis mais baixos podem sugerir uma reserva ovariana reduzida, o que pode dificultar a gravidez.

No entanto, é importante saber que o teste de AMH apenas indica a quantidade de óvulos, não a sua qualidade, por isso, mesmo com níveis baixos de AMH, ainda pode ter óvulos saudáveis e conseguir engravidar.

Uma das vantagens do teste de AMH é que pode ser feito em qualquer momento do ciclo menstrual, o que o torna mais flexível e conveniente do que outros exames hormonais. Normalmente, é um dos primeiros exames recomendados pelos médicos quando se avalia a fertilidade, especialmente antes de iniciar tratamentos como a FIV ou a preservação de óvulos.

Importa ainda referir que os níveis de AMH diminuem naturalmente com a idade e que os valores podem variar ligeiramente entre laboratórios. O seu médico irá interpretar o seu resultado de AMH em conjunto com fatores como a idade, o histórico do ciclo menstrual e os resultados da ecografia, para lhe dar a visão mais clara possível da sua fertilidade.

Mão com luva a segurar um tubo de ensaio rotulado para exame AMH, utilizado para avaliar a reserva ovariana.

Boa reserva ovariana: o que significa?

Se tem uma boa reserva ovariana, significa que ainda possui um número saudável de óvulos. Normalmente, dá-lhe mais tempo e melhores probabilidades para conseguir engravidar.

Uma das formas de avaliar a reserva ovariana é através da contagem dos folículos antrais nos ovários. Ter entre 10 a 20 folículos antrais, no total dos dois ovários, é considerado um sinal positivo. Os médicos também analisam os níveis hormonais. Níveis mais elevados de AMH e mais baixos de FSH indicam, normalmente, que os ovários continuam a funcionar bem.

Reserva ovariana baixa: o que significa?

Uma reserva ovariana baixa significa que tem menos óvulos disponíveis nos ovários. Não quer dizer que seja infértil, mas pode indicar que tem menos tempo para conseguir engravidar naturalmente.

Uma contagem de folículos antrais mais baixa (normalmente, menos de cinco no total) pode sugerir uma fertilidade reduzida. No entanto, estes números variam de pessoa para pessoa, e o médico irá também considerar a sua idade, os seus níveis hormonais e a sua saúde geral.

Identificar esta situação atempadamente pode dar-lhe a oportunidade de explorar outras opções de fertilidade, como a FIV ou a criopreservação de óvulos. Um diagnóstico precoce oferece-lhe mais tempo para planear e agir de acordo com os seus objetivos.

Uma reserva ovariana baixa implica uma menopausa precoce?

Ter uma reserva ovariana baixa não significa obrigatoriamente que vá entrar numa menopausa precoce, mas pode ser um dos sinais de alerta.

A menopausa acontece quando deixa de ovular e os seus períodos param definitivamente, tornando impossível engravidar naturalmente. Esta fase surge porque os ovários deixam de libertar óvulos e de produzir as hormonas necessárias para manter o ciclo menstrual. A maioria das mulheres atinge a menopausa por volta dos 51 anos, embora esta idade possa variar.

Se a sua reserva ovariana for muito baixa, o seu organismo pode esgotar os óvulos mais cedo, o que pode levar a uma menopausa antecipada. No entanto, não é garantido. Muitas mulheres com uma contagem de óvulos baixa continuam a ter ciclos menstruais normais durante vários anos.

O momento da menopausa depende de vários fatores, incluindo:

  • A sua genética (por exemplo: a idade em que a sua mãe ou irmãs atingiram a menopausa)
  • A sua saúde geral
  • O consumo de tabaco
  • Algumas doenças ou tratamentos médicos (como a quimioterapia)

Se está preocupada com a menopausa precoce ou com alterações no seu ciclo, um especialista em fertilidade pode ajudá-la a interpretar os seus níveis hormonais e a compreender melhor o que pode esperar no futuro.

Como posso melhorar a minha reserva ovariana?

Embora não seja possível aumentar o número de óvulos com que nasceu, cuidar da sua saúde reprodutiva pode ajudar a melhorar a sua fertilidade.

Atualmente, não existem formas comprovadas para restaurar ou aumentar a reserva ovariana, mas há algumas mudanças no estilo de vida que podem melhorar a forma como o seu corpo responde à ovulação ou aos tratamentos de fertilidade:

  • Pratique exercício físico regularmente
  • Mantenha um peso saudável
  • Evite fumar e reduza o consumo de álcool
  • Controle os níveis de stress
  • Tenha uma alimentação equilibrada e rica em nutrientes

 

Estas alterações não aumentam a contagem de óvulos, mas contribuem para a sua saúde geral e podem aumentar as probabilidades de engravidar.

A reserva ovariana está ligada à qualidade dos óvulos?

A reserva ovariana indica quantos óvulos tem, mas não avalia a qualidade. Estes dois aspetos são diferentes e ambos são importantes para a fertilidade.

O que é a qualidade dos óvulos?

A qualidade de um óvulo refere-se ao número de cromossomas e à energia para se desenvolver num embrião saudável. Óvulos de boa qualidade têm mais probabilidade de serem fertilizados, implantados no útero e resultarem numa gravidez saudável. Óvulos de baixa qualidade podem não fertilizar, levar a abortos espontâneos ou falhas em ciclos de FIV.

A qualidade dos óvulos pode ser medida?

Ao contrário da quantidade, não existe um teste para medir a qualidade dos óvulos diretamente. A idade continua a ser o principal indicador. A qualidade dos óvulos diminui naturalmente com o tempo, especialmente após os 35 anos e mais rapidamente depois dos 40. É por isso que a idade é tão importante no planeamento de tratamentos de fertilidade.

Se fizer um tratamento de FIV, os médicos podem ter uma ideia sobre a qualidade dos óvulos com base na forma como fertilizam e se desenvolvem. Ainda assim, estes fatores não dão uma resposta definitiva, apenas uma ideia.

É possível melhorar a qualidade dos óvulos?

Apesar de não ser possível alterar a sua idade, pode tomar algumas medidas para promover a saúde dos seus óvulos. Não há garantias de que estas mudanças melhorem a qualidade, mas podem ajudar os óvulos a funcionar da melhor forma possível:

  • Ter uma alimentação equilibrada e rica em antioxidantes
  • Evitar fumar e reduzir o consumo de álcool
  • Praticar exercício físico moderado com regularidade
  • Manter um peso saudável
  • Tomar suplementos que ajudam na fertilidade, como a Coenzima Q10 (fale sempre com o seu médico antes de iniciar qualquer suplemento)
  • Reduzir o stress, sempre que possível

Estas mudanças podem contribuir para melhorar a energia, o desenvolvimento e a capacidade de fertilização dos óvulos, sobretudo se estiver a planear um tratamento de fertilidade.

Como é que a qualidade dos óvulos afeta a fertilidade?

Mesmo que tenha uma boa quantidade de óvulos, uma qualidade baixa pode dificultar a gravidez. Por outro lado, algumas pessoas com reserva ovariana baixa conseguem engravidar com sucesso, porque ainda têm óvulos de boa qualidade.

É por isso que tanto a quantidade como a qualidade dos óvulos são importantes, e que vale sempre a pena falar com um especialista para compreender o seu quadro de fertilidade de forma mais completa.

 

Como é que tratamentos como a FIV e a criopreservação de óvulos podem ajudar?

Se tem uma reserva ovariana baixa ou está a pensar na sua fertilidade a longo prazo, tratamentos como a FIV e a criopreservação de óvulos podem oferecer mais opções e dar-lhe maior controlo sobre o seu percurso reprodutivo.

FIV (Fertilização In Vitro)

A FIV é um dos tratamentos de fertilidade mais eficazes que existem. É muito recomendado no caso de pacientes com uma reserva ovariana baixa, com mais de 35 anos, ou quando outros tratamentos anteriores não funcionaram.

Como funciona:

  • Toma medicação hormonal para estimular os ovários a produzirem mais óvulos num só ciclo.
  • Os óvulos são recolhidos num procedimento rápido e simples.
  • No laboratório, os óvulos são fertilizados com espermatozoides para formar embriões.
  • Os embriões são monitorizados e os melhores são selecionados.
  • Um embrião é transferido para o útero para tentar iniciar a gravidez.

Se forem criados vários embriões saudáveis, é possível congelar os restantes para uso futuro. A FIV permite aos médicos trabalhar com os melhores óvulos e embriões disponíveis, o que pode ser uma vantagem quando o tempo ou a quantidade de óvulos são limitados.

O PGT-A(Rastreio de aneuploidias pré-implantação) também pode ser feito durante a FIV.

Este teste analisa os embriões para verificar se têm o número correto de cromossomas.

Embriões com o número adequado são chamados euplóidese têm maior probabilidade de resultar numa gravidez saudável. O PGT-A ajuda o médico a selecionar o embrião mais viável para transferência, o que pode reduzir o tempo até à gravidez e diminuir o risco de aborto espontâneo.

Se forem criados vários embriões saudáveis, é possível congelar os restantes para uso futuro. A FIV permite aos médicos trabalhar com os melhores óvulos e embriões disponíveis, o que pode ser uma vantagem quando o tempo ou a quantidade de óvulos são limitados.

Imagem de um óvulo a ser injetado com espermatozoide no ecrã, durante o processo de ICSI.

Criopreservação de óvulos

A criopreservação de óvulos permite preservar os seus óvulos enquanto ainda têm melhor qualidade, para poder tentar engravidar mais tarde.

O processo é muito semelhante à primeira fase da FIV:

  • Os ovários são estimulados com medicação para produzirem vários óvulos.
  • Os óvulos são recolhidos antes de serem fertilizados.
  • São, então, congelados em segurança e armazenados para uso futuro.

A criopreservação de óvulos pode ser especialmente útil se:

  • Ainda não está pronta para ter filhos, mas quer manter a possibilidade no futuro.
  • Tem reserva ovariana baixa e quer preservar os óvulos que tem atualmente.
  • Vai iniciar tratamentos médicos (como quimioterapia) que possam afetar a fertilidade.

Nem a FIV nem a criopreservação de óvulos aumentam o número de óvulos disponíveis, mas permitem aproveitar ao máximo os que ainda tem. Um especialista em fertilidade pode ajudá-la a perceber qual destas abordagens se adequa melhor aos seus objetivos, ao seu tempo e à sua saúde.

Especialista em fertilidade a utilizar um tanque criogénico com nitrogénio líquido, utilizado para congelar e armazenar óvulos em processos de criopreservação para fertilidade.

Pontos principais a reter

Ter noção da sua reserva ovariana é fundamental para tomar decisões informadas sobre a sua fertilidade e saúde reprodutiva.

Testes como a contagem de folículos antrais, as análises ao FSH e o exame AMH oferecem informações essenciais.

Se está preocupada com a sua fertilidade, consulte um especialista em fertilidade que a possa orientar pelas opções e próximos passos.

Na Ferticentro, somos especialistas em cuidados de fertilidade e estamos aqui para a apoiar em todas as fases do seu percurso. Quer esteja a começar ou a planear os próximos passos, ajudamo-la a tomar decisões informadas e confiantes sobre o seu futuro.

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