EmbryoScope e o futuro da FIV: como a tecnologia está a mudar os tratamentos de fertilidade

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04 Abr 2025
Médico de fertilidade a interagir com símbolos digitais de FIV e fertilidade, representando o uso de tecnologias avançadas, como a IA e o EmbryoScope, nos tratamentos de fertilidade.

Tecnologia de ponta

A FIV já percorreu um longo caminho desde o nascimento do primeiro bebé-proveta, em 1978.

O que começou como uma opção limitada para muitos casais tornou-se num processo sofisticado, com taxas de sucesso cada vez mais elevadas, muito graças à evolução tecnológica.

Com ferramentas de monitorização melhoradas e o uso da inteligência artificial para a seleção dos embriões, os tratamentos de FIV estão mais eficientes e precisos do que nunca.

Mas a questão é: o que faz realmente a diferença hoje em dia, e o que podemos esperar do futuro?

Breve história da tecnologia na FIV

No início da FIV, os métodos eram mais simples, mas também menos eficazes. Se o mundo da FIV é uma novidade para si, leia o nosso guia para principiantes para perceber melhor como o processo funciona.

A FIV no passado: ferramentas básicas e sucesso limitado

  • Monitorização manual dos embriões: Os embriologistas tinham de observar os embriões manualmente ao microscópio.
  • Achismos e escolhas com base na experiência: A seleção dos embriões a transferir baseava-se sobretudo na observação e no conhecimento do especialista.
  • Registos em papel: O rastreamento de óvulos, espermatozoides e embriões era feito com métodos tradicionais, com maior margem para erro.

As taxas de sucesso eram mais baixas porque a tecnologia não permitia acompanhar com rigor o desenvolvimento embrionário. O processo dependia muito da avaliação humana, o que podia ser subjetivo.

A FIV hoje em dia: ferramentas avançadas e maior taxa de sucesso

Atualmente, as clínicas de FIV utilizam máquinas, algoritmos e sistemas de monitorização de última geração que ajudam os embriologistas a tomar decisões mais precisas.

Segundo o Dr. Vladimiro Silva, Diretor Científico da Ferticentro, a diferença é notória: “Em vez de termos apenas esperança que um embrião se implante, hoje em dia conseguimos dar ao paciente uma previsão muito mais concreta das probabilidades de sucesso.”

Vamos analisar algumas das inovações tecnológicas mais relevantes e como os pacientes beneficiam das mesmas.

O EmbryoScope: a revolucionar a monitorização embrionária na FIV

O EmbryoScope é uma incubadora com uma tecnologia avançada de time-lapse, desenvolvida para melhorar a monitorização embrionária na FIV. Esta tecnologia permite que os embriologistas acompanhem continuamente o desenvolvimento embrionário, sem necessidade de retirar os embriões da incubadora. Assim, garante-se o melhor ambiente possível para o seu crescimento.

O que é um embriologista? Um embriologista é o especialista em fertilidade que cria, trata, monitoriza e seleciona os embriões durante os tratamentos de FIV, para aumentar as hipóteses de gravidez bem-sucedida.

O problema da monitorização embrionária tradicional

Antes do EmbryoScope, os embriões tinham de ser retirados da incubadora, em diferentes momentos, para serem observados ao microscópio. Este processo apresentava várias inconveniências:

  • Variações de temperatura e de pH – os embriões são sensíveis a mudanças, por isso, removê-los da incubadora pode afetar negativamente o seu desenvolvimento.
  • Maior risco de contaminação – A exposição ao ambiente externo pode introduzir bactérias ou outros agentes contaminantes.
  • Dados limitados – Uma vez que os embriões eram observados apenas pontualmente, podiam perder-se etapas importantes do seu desenvolvimento.

Como o EmbryoScope melhora a seleção de embriões

O EmbryoScope resolve estes problemas através da captação de imagens contínuas e em time-lapse dos embriões em desenvolvimento.

O Dr. Silva explica:

“Assim, os embriologistas conseguem observar todas as fases do desenvolvimento do embrião sem o retirar da incubadora.”

Principais vantagens do EmbryoScope:

  • Monitorização contínua – Capta imagens 24 horas por dia, todos os dias, durante o desenvolvimento dos embriões, criando registos completos desde a fertilização até à transferência.
  • Desenvolvimento sem interrupções – Mantém um ambiente estável para os embriões, sem alterações de temperatura, pH, ou exposição à luz ou ao ar exterior.
  • Melhor seleção de embriões – Ajuda os embriologistas a identificar os embriões com maior potencial de implantação.
  • Tecnologia segura – A imagem é obtida com métodos não invasivos, comprovadamente seguros para o desenvolvimento embrionário.
  • Bases de dados, automação e IA – Permite que os embriologistas monitorizem o desenvolvimento embrionário mais facilmente através de sistemas automatizados com bases de dados detalhados sobre os embriões. Os embriologistas podem partilhar informação e rever a evolução dos embriões mais facilmente, através de algoritmos de IA avançados implementados em laboratórios por todo o mundo. Esta tecnologia permite eliminar a subjetividade humana e revelar pormenores invisíveis ao olho humano.

Porque é que a monitorização embrionária contínua é importante?

Escolher o embrião certo é uma das decisões mais críticas num tratamento de FIV. Enquanto os métodos tradicionais só permitiam obter algumas fotografias do desenvolvimento dos embriões, o EmbryoScope permite observar o processo do início ao fim, o que facilita decisões mais informadas e, consequentemente, aumenta as chances de sucesso.

O EmbryoScope e taxa de sucesso da FIV

O EmbryoScope está a revolucionar os tratamentos de FIV, graças a uma melhor seleção de embriões e cultura embrionária, e menos riscos de manuseamento manual. Ao manter um ambiente estável e controlado, permite que os embriões tenham o melhor início do processo possível, o que se traduz em taxas de gravidez mais elevadas.

Ecrã digital com seis imagens em time-lapse de embriões em desenvolvimento numa incubadora de FIV (EmbryoScope), a mostrar diferentes fases da divisão celular.

 

A Ferticentro foi a primeira clínica em Portugal a adotar o EmbryoScope, reconhecendo o seu valor. Atualmente, esta tecnologia está incluída em todos os tratamentos de FIV, sem custos adicionais para os pacientes.

RI Witness: proteção total das amostras dos pacientes de FIV

Um dos maiores receios dos pacientes em tratamentos de FIV é a possibilidade de troca de amostras no laboratório. Embora este tipo de erros seja extremamente raro, as suas consequências podem ser muito graves.

O RI Witness foi desenvolvido exatamente para eliminar qualquer possibilidade de erro humano e garantir segurança tanto para os pacientes como para as clínicas.

O RI Witness usa a tecnologia de identificação por radiofrequência (RFID) para rastrear e monitorizar todas as amostras no laboratório, incluindo óvulos, espermatozoides e embriões.

O Dr. Silva explica como o sistema de RFID funciona nos laboratórios de FIV:

A identificação por radiofrequência (RFID) é um sistema de rastreio avançado que usa ondas de rádio para identificar e monitorizar objetos automaticamente. No nosso laboratório, colocamos etiquetas eletrónicas únicas em todas as amostras (óvulos, espermatozoides e embriões), em todas as fases do processo. Estas etiquetas são detetadas por leitores RFID sem necessidade de contacto direto e garantem que cada amostra seja corretamente identificada e associada ao respetivo paciente, em todas as fases do tratamento.”

 

Como o RI Witness funciona:

  • Etiquetas RFID – Cada amostra recebe uma etiqueta RFID única com os dados do paciente.
  • Verificação automática – O sistema assegura constantemente que as amostras corretas estão a ser utilizadas, desde a fertilização até à transferência do embrião.
  • Prevenção de erros – Se for detetada qualquer incompatibilidade, o sistema emite um alerta imediato, para evitar equívocos antes que aconteçam.

Ao automatizar o rastreamento e a verificação das amostras, o RI Witness reduz drasticamente o risco de erro humano e proporciona uma maior segurança aos pacientes.

Várias clínicas relatam que esta tecnologia aumenta a confiança dos pacientes e reduz o stress durante o tratamento, uma vez que garante que todas as amostras são cuidadosamente monitorizadas.

A Ferticentro também foi a primeira clínica a introduzir sistemas automatizados de witnessing em Portugal, elevando os padrões de precisão e segurança. Tal como o EmbryoScope, esta tecnologia está integrada em todos os tratamentos de FIV sem custos adicionais para os pacientes.

A inteligência artificial na seleção de embriões

A inteligência artificial (IA) está a revolucionar os tratamentos de FIV ao ajudar os embriologistas a identificar os embriões com maior potencial de implantação. Tradicionalmente, a seleção de embriões baseava-se numa avaliação visual e na experiência do embriologista. Embora eficaz, este método podia variar de especialista para especialista.

Hoje em dia, a IA permite realizar análises objetivas e baseadas em dados reais. Ao analisar imagens em time-lapse e dados reais do desenvolvimento embrionário, os algoritmos de IA conseguem prever, com precisão, a viabilidade dos embriões. Isto permite identificar padrões que o olho humano não consegue detetar, nem mesmo os embriologistas mais experientes.

Vantagens da IA na seleção de embriões

  • Avaliação objetiva – A IA elimina a subjetividade na escolha dos embriões.
  • Taxas de sucesso mais altas – Ao identificar os embriões com maior potencial de implantação, reduz-se o tempo até à gravidez e otimiza-se o recurso aos embriões disponíveis.
  • Decisões mais rápidas e precisas – Os algoritmos analisam grandes volumes de dados em segundos, o que ajuda os embriologistas a tomar decisões mais informadas.

Alguns sistemas de IA conseguem prever a probabilidade de obter um nado-vivo ou identificar embriões euploides (com número normal de cromossomas), trazendo esperança a pacientes com várias tentativas falhadas de FIV.

Com a IA, as clínicas de FIV podem aumentar a taxa de sucesso, tornar os tratamentos mais precisos, eficientes e personalizados para cada paciente.

Na Ferticentro, a IA já faz parte do processo de seleção embrionária. Embora a decisão final continue a ser do embriologista, a IA permite obter uma análise mais detalhada do desenvolvimento embrionário. Assim, é possível identificar os embriões mais viáveis, tornando o processo mais eficiente e preciso.

O futuro da FIV: o que esperar nos próximos 20 anos?

Apesar de tecnologias como o EmbryoScope, RI Witness e a IA já estarem a revolucionar os tratamentos de fertilidade, o futuro da FIV continua a ser promissor. Os investigadores estão a desenvolver novas inovações que poderão transformar ainda mais os tratamentos de fertilidade.

É importante lembrar que estas tecnologias ainda estão em fase de investigação. Embora promissoras, poderão demorar alguns anos até serem aplicadas nos tratamentos. Mas comprometemo-nos em partilhar consigo os avanços que poderão beneficiar o processo dos tratamentos de fertilidade.

Gametogénese in vitro (GIV)

Um dos avanços mais entusiasmantes na medicina da fertilidade é a gametogénese in vitro (GIV). Esta técnica tem como objetivo criar óvulos e espermatozoides a partir de células estaminais, abrindo novas possibilidades para quem não os pode produzir naturalmente.

Por exemplo, poderão beneficiar:

  • Mulheres com insuficiência ovárica prematura:
  • Homens com azoospermia não obstrutiva (ausência total de espermatozoides no sémen).

Embora ainda esteja numa fase inicial de investigação, os estudos realizados em animais já demonstraram resultados promissores. Se for adaptada para uso humano, esta tecnologia poderá revolucionar os tratamentos de fertilidade e trazer esperança a muitas pessoas que desejam ter filhos biológicos.

Manipulação genética e rastreio de embriões

Novas tecnologias como a manipulação genética e os testes genéticos avançados poderão transformar o futuro da FIV.

Os cientistas estão a estudar a tecnologia CRISPR, uma ferramenta de manipulação genética, para corrigir doenças genéticas nos embriões antes da implantação. Embora esta abordagem levante questões éticas e esteja altamente regulamentada, tem o potencial de prevenir doenças hereditárias.

Segundo a SciTechDaily, um avanço científico no início de 2025 demonstrou que a manipulação genética pode ajudar a corrigir a trissomia a nível celular. Os cientistas utilizaram a tecnologia CRISPR-Cas9 para remover cópias extra do cromossoma 21 em células com síndrome de Down, permitindo que os genes funcionassem normalmente.

Os investigadores acreditam que esta descoberta poderá levar ao desenvolvimento de novos tratamentos, ajudando potencialmente as células cerebrais a funcionarem de forma mais eficiente em pessoas com esta condição.

Paralelamente, os avanços nos testes genéticos pré-implantação (PGT) poderão tornar a deteção de anormalidades genéticas ainda mais precisa. Isto significa uma maior probabilidade de uma gravidez bem-sucedida e uma redução no risco de aborto espontâneo.

Ilustração digital de dupla hélice de ADN com um fundo azul escuro, com partículas de luz flutuantes. A imagem simboliza a genética, a fertilidade e a investigação biológica, destacando as bases microscópicas da vida e da hereditariedade.

Úteros artificiais

Outra inovação futurista é o desenvolvimento de úteros artificiais, que poderão oferecer uma alternativa à gestação tradicional.

Embora esta tecnologia ainda esteja numa fase inicial, os investigadores acreditam que poderá ser usada no futuro para o desenvolvimento de embriões num ambiente exterior ao corpo humano. Pode ser benéfico especialmente para pessoas com anormalidades uterinas ou que não conseguem levar uma gravidez até ao fim com sucesso.

Planos de tratamento personalizados com IA e big data

No futuro, a IA poderá desempenhar um papel ainda maior na personalização dos tratamentos de fertilidade. Ao analisar dados de ciclos anteriores, perfis genéticos e outros fatores,a IA poderá criar planos de tratamento ajustados a cada paciente, maximizando as chances de sucesso e reduzindo riscos.

Muito já foi conquistado, mas o futuro da FIV continua a ser promissor

A tecnologia já transformou a FIV, tornando-a mais eficiente, precisa e acessível.

Inovações como o EmbryoScope, RI Witness e IA já melhoraram as taxas de sucesso e deram aos pacientes mais confiança nos tratamentos. Nos próximos anos, os avanços em células estaminais, manipulação genética e IA poderão revolucionar ainda mais os tratamentos de fertilidade, trazendo mais esperança a milhares de pessoas.

Embora não saibamos exatamente como será a FIV daqui a 20 anos, uma coisa é certa: a tecnologia continuará a desempenhar um papel fundamental em ajudar a concretizar o sonho de muitas pessoas de criar a sua própria família.

Quer saber o que a Ferticentro pode fazer por si? Fale com um dos nossos gestores de pacientes ainda hoje e dê o primeiro passo para concretizar o seu sonho.