Guia sobre transferência de embriões

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27 Fev 2025
Embriologista em um laboratório de fertilidade observando um embrião através de um microscópio. A profissional usa luvas, máscara e touca esterilizada, garantindo um ambiente controlado para a manipulação embrionária.

A última etapa

A transferência de embriões é um passo crucial no seu percurso de FIV, para a aproximar do seu objetivo de ter um bebé! Este guia explica no que consiste a transferência de embriões, os diferentes tipos de transferência e o que esperar durante o processo. 

O que é uma transferência de embriões?

A transferência de embriões é um procedimento no ciclo de FIV em que um embrião fertilizado é colocado no útero com o objetivo de gerar uma gravidez. É a etapa final do processo de FIV, realizada após a fertilização no laboratório, com o objetivo de maximizar as probabilidades de uma gravidez bem-sucedida.

Ilustração explicativa do processo de fertilização in vitro (FIV), mostrando cada etapa do tratamento: exames e ultrassonografias, hiperestimulação ovariana, coleta de óvulos, preparação do esperma, fertilização, cultivo embrionário, transferência do embrião e suporte lúteo com teste de gravidez. Também inclui informações sobre triagem genética pré-implantação e criopreservação.

O processo de fertilização in vitro (FIV) explicado em oito etapas, desde a estimulação ovariana até a transferência do embrião e teste de gravidez. A ilustração também destaca a triagem genética pré-implantação e a criopreservação, técnicas que aumentam as chances de sucesso no tratamento de fertilidade.

Antes da transferência: principais etapas do processo de FIV

Antes de chegar à fase da transferência, é necessário seguir algumas etapas para criar o embrião. Eis como funciona o processo:

Recolha de óvulos

  • Durante o processo de FIV, a medicação de fertilidade estimula os ovários para produzirem múltiplos óvulos.
  • Quando os folículos (estruturas que contêm os óvulos) atingem o tamanho ideal, o médico agenda a recolha dos óvulos.
  • Durante o procedimento, o médico extrai os óvulos dos ovários com uma agulha fina, com o auxílio de uma ecografia.

Fertilização em laboratório

  • Os óvulos recolhidos são combinados com esperma (de um parceiro ou dador) no laboratório.
  • Se necessário, pode ser utilizada a injeção intracitoplasmática de esperma (ICSI), um procedimento em que um espermatozoide é injetado diretamente no óvulo para incentivar a fertilização.
  • Os óvulos fertilizados são controlados através de uma EmbryoScope, uma incubadora específica com videovigilância contínua e inteligência artificial, para acompanhar o desenvolvimento dos embriões.
  • Normalmente, os embriões ficam em cultura durante 5 a 6 dias, até atingirem a fase de blastocisto, uma fase avançada do desenvolvimento com maior potencial de implantação.

O que acontece durante a transferência do embrião?

A transferência é um procedimento simples, mas delicado, no qual um ou mais embriões são colocados no útero para aumentar as probabilidades de gravidez. Eis o que acontece:

 

Seleção dos embriões

  • O médico seleciona cuidadosamente os embriões com base na sua qualidade, idade da paciente, histórico de saúde e resultados de ciclos anteriores de FIV.
  • O objetivo é maximizar as probabilidades de sucesso, minimizando, ao mesmo tempo, o risco de gravidez gemelar (gémeos ou trigémeos).

O procedimento

  •  Os embriões selecionados são colocados através de um cateter específico.
  • O médico insere suavemente o cateter desde o colo do útero até ao útero.
  • Os embriões são cuidadosamente libertados no endométrio.

O que acontece após a transferência dos embriões

  • Após o procedimento, irá descansar por uns momentos, antes de poder regressar a casa.
  • O médico pode prescrever medicação para ajudar o endométrio e melhorar as probabilidades de implantação.
  • Cerca de duas semanas após a transferência, pode fazer um teste de gravidez para saber se o tratamento foi bem-sucedido.

Como se desenvolvem os embriões após a fertilização?

Durante um tratamento de FIV, é útil compreender as diferentes fases do desenvolvimento embrionário. Eis um resumo rápido:

Fertilização (24 horas):

  • O que acontece: o espermatozoide une-se ao óvulo, formando um zigoto (uma única célula).

Zigoto (dia 1)

  • O que acontece: o zigoto começa a dividir-se em mais células.

Fase de clivagem (dias 1-3)

  • O que acontece: o zigoto divide-se em 2, 4 e, depois, 8 células, continuando a multiplicar-se.
  • Aspeto importante: o embrião parece-se a uma bola de células pequena.

Fase de mórula (dias 3-4)

  • O que acontece: o embrião, agora chamado mórula, tem cerca de 16 células.
  • Aspeto importante: as células continuam a dividir-se e a aderir firmemente umas às outras.

Fase de blastocisto (dias 5-6)

  • O que acontece: a mórula transforma-se em blastocisto, formado por três partes:
    • Uma cavidade cheia de líquido.
    • Uma massa celular interna (que dará origem ao bebé).
    • Uma camada externa (que se tornará na placenta).
  • Aspeto importante: esta é a fase ideal para a implantação no útero.

Implantação (dias 6-10)

  • O que acontece: o blastocisto fixa-se ao endométrio e inicia a implantação.
  • Aspeto importante: uma implantação bem sucedida marca o início da gravidez.

Segue uma representação visual de como o embrião se desenvolve após a fertilização.

Ilustração do desenvolvimento embrionário desde a fertilização até a fase de blastocisto. A imagem mostra as diferentes etapas: fertilização (dia 0), zigoto (dia 1), estágios de 2 e 4 células (dia 2), estágio de 8 células (dia 3), estágio de mórula com 16 e 32 células (dia 4) e blastocisto (dia 5), destacando as estruturas trofoblasto e embrioblasto.

O desenvolvimento do embrião: da fertilização ao blastocisto. Esta imagem mostra as principais fases do crescimento embrionário durante os primeiros cinco dias após a fertilização, essenciais para os tratamentos de fertilização in vitro (FIV).

Tipos de transferência de embriões: frescos e congelados

Existem dois tipos principais de transferência de embriões, dependendo do momento em que é transferido após a fertilização: transferência de embriões frescos e transferência de embriões congelados (TEC).

Transferência de embriões frescos

Na transferência de um embrião fresco, o emrbião é colocado no útero poucos dias após a fertilização. O embrião nunca passa por um processo de congelação e é transferido no dia 3, 5 ou até 6 do desenvolvimento, dependendo de cada caso individual. Segundo o Dr. Vladimiro Silva, o nosso Diretor Científico, na Ferticentro, 99% das transferências de embriões frescos são realizadas no dia 5 ou 6.

Vantagens das transferências de embriões frescos:

  • Transferência imediata: a transferência ocorre no mesmo ciclo da recolha dos óvulos e da fertilização, evitando atrasos e ajudando a reduzir a ansiedade, por avançar rapidamente para a próxima fase.
  • Processo mais simples: como os embriões não necessitam de ser congelados e descongelados, evitam-se etapas e custos extra. Apesar das técnicas de criopreservação modernas serem altamente eficazes, as transferências de embriões frescos reduzem a exposição a riscos associados ao congelamento e descongelamento, ainda que mínimos.

Desvantagens das transferências de embriões frescos:

 

  • Impacto hormonal: os níveis elevados de hormonas resultantes da estimulação ovárica podem tornar o ambiente uterino menos recetivo à implantação, o que poderá reduzir a probabilidade de sucesso em alguns casos, uma vez que o organismo pode precisar de mais tempo para recuperar.
  • Menos tempo para testes genéticos: as transferências de embriões frescos não permitem a realização de testes genéticos pré-implantação (PGT). Estes testes, cuja função é detetar doenças genéticas nos embriões, requer a sua congelação durante a análise.

Transferência de embriões congelados (TEC)

Uma transferência de embriões congelados (TEC) envolve a congelação dos embriões após a fertilização e a sua conservação para utilização posteriormente. A transferência pode ser realizada num ciclo futuro, dando tempo ao organismo para recuperar da estimulação ovárica, ou para se alinhar com necessidades pessoais e médicas.

Vantagens das transferências de embriões congelados:

  • Maior flexibilidade: o momento da transferência pode ser agendado para quando o endométrio estiver na condição ideal para a implantação. Esta flexibilidade facilita o planeamento da transferência do embrião de acordo com o ciclo menstrual natural da paciente, com um ciclo hormonal controlado, ou com compromissos pessoais.
  • Tempo de recuperação: permite que o organismo recupere da estimulação ovárica, criando um ambiente uterino mais saudável e favorável à implantação. Também reduz o risco de complicações, como síndrome de hiperestimulação ovárica (OHSS).
  • Testes genéticos: possibilita a realização de testes genéticos pré-implantação (PGT), cuja função é detetar anomalias genéticas nos embriões. Estes testes aumentam as hipóteses de uma gravidez saudável e reduzem o risco de aborto espontâneo, sendo especialmente útil para casais com antecedentes de doenças genéticas ou perdas gestacionais recorrentes.

Desvantagens das transferências de embriões congelados:

 

  • Passos adicionais: envolvem mais passos do que as transferências de embriões frescos. Após a sua criação, os embriões precisam de ser congelados, através de uma técnica chamada vitrificação, e conservados até ao momento de transferência. Este processo requer trabalho adicional e um trabalho laboratorial especialmente meticuloso, o que torna o ciclo de FIV mais complexo. Cada passo é cuidadosamente gerido para garantir uma taxa de sucesso mais elevada, contando com profissionais e protocolos rigorosos.
  • Potencial para perda de embriões: embora as técnicas de criopreservação sejam avançadas e eficazes, existe um pequeno risco de que alguns embriões não sobrevivam ao processo. Ocasionalmente, alguns podem sofrer danos durante o processo de criopreservação, podendo resultar na perda de embriões viáveis. No entanto, o risco é muito baixo (cerca de 2%), devido aos métodos modernos. Não deixa de ser um fator a ter em conta durante o planeamento do processo de FIV.

Tipos de transferências de embriões congelados

As transferências de embriões podem seguir diferentes protocolos: TEC em ciclo natural, TEC em ciclo artificial, ou TEC em ciclo natural modificado. Vamos conhecer cada um deles.

Transferência de embriões congelados em ciclo natural

Uma transferência de embriões congelados (TEC) em ciclo natural ocorre quando o momento da transferência do embrião se alinha com o ciclo menstrual natural da paciente. Ao contrário dos ciclos artificiais, não são administradas hormonas adicionais. O processo depende da produção natural de estrogénio e progesterona para preparar o útero para a implantação.

Como funciona

  1. Monitorização da ovulação:
    O processo começa com o acompanhamento do ciclo menstrual para identificar a ovulação. Isto é feito através de análises ao sangue, para verificar os níveis hormonais, e ecografias, para medir o crescimento dos folículos ováricos.
  2. Agendamento da transferência:
    Depois de detetada a ovulação, a transferência do embrião é programada para coincidir com a subida natural da progesterona, garantindo que o endométrio esteja pronto para a implantação.
  3. Transferência do embrião:
    Alguns dias após a ovulação, o embrião é descongelado e transferido para o útero, seguindo o ritmo natural do organismo.

Vantagens da TEC em ciclo natural

Menos medicação: este tipo de transferência utiliza apenas as hormonas produzidas pelo próprio corpo, reduzindo a quantidade de medicação necessária. Traduz-se em menos injeções e menos stress, tornando o processo mais simples e confortável. Devido à menor quantidade de medicação, o risco de efeitos colaterais dos tratamentos hormonais também diminui.

Ambiente Natural: a utilização do ciclo natural pode criar um ambiente mais favorável à implantação. Alguns estudos indicam que a utilização de hormonas naturais pode aumentar a probabilidade de uma gravidez bem-sucedida. Quando o organismo prepara o endométrio naturalmente, pode ser mais recetivo do que quando são utilizadas hormonas artificiais.

Apoio do corpo lúteo: após a ovulação, o corpo lúteo produz progesterona naturalmente, ajudando a manter o endométrio saudável, para facilitar a implantação e a gravidez.

Desvantagens da TEC em ciclo natural

Necessidade de ciclos regulares: uma TEC em ciclo natural é mais eficaz com ciclos menstruais previsíveis. Os ciclos menstruais irregulares dificultam a previsão da ovulação, o que é essencial para entender o momento ideal para a transferência.

Maior necessidade de monitorização: é necessário mais monitorização para identificar o período de ovulação, incluindo análises ao sangue e ecografias. Isto pode significar mais visitas à clínica, o que poderá ser inconveniente para algumas pessoas.

Menos controlo: o momento ideal para uma TEC em ciclo natural é menos previsível do que num ciclo artificial, o que poderá dificultar o agendamento, tanto para a paciente como para a clínica.

Transferência de embriões em ciclo artificial

Uma TEC em ciclo artificial utiliza hormonas para preparar o útero para a transferência, sem depender do ciclo menstrual natural. A medicação cria as condições ideais para a implantação, garantindo que o endométrio esteja pronto para o embrião.

Como funciona

  1. Suplementos de estrogénio:
    O tratamento inicia com a administração de estrogénio, seja por comprimidos, adesivos ou injeções, para estimular o engrossamento do endométrio, para que aguente a implantação.
  2. Suplementos de progesterona:
    Quando o endométrio atinge a espessura ideal, é introduzida a progesterona para estabilizar e preparar o útero para o embrião. A progesterona pode ser administrada sob a forma de injeções, supositórios vaginais, ou medicação por via oral.
  3. Momento ideal e monitorização:
    O momento ideal para administrar estrogénio e progesterona é monitorizado cuidadosamente. Quando o endométrio estiver pronto, a transferência é agendada de forma a aumentar as probabilidades de sucesso.

Vantagens da TEC artificial

Maior controlo: uma das maiores vantagens da TEC em ciclo artificial é a capacidade de controlar precisamente a melhor altura para realizar a transferência do embrião. Através da utilização de hormonas suplementares, a transferência pode ser agendada para o momento mais conveniente para a paciente, garantindo que o endométrio esteja perfeitamente preparado para a implantação. Este controlo pode levar a uma maior probabilidade de sucesso.

Flexibilidade: é ideal para mulheres com ciclos menstruais irregulares, ou com historial de problemas a nível de espessura ou qualidade do endométrio. Uma vez que o processo não depende da ovulação natural, pode beneficiar um leque mais vasto de pacientes, incluindo mulheres com ciclos imprevisíveis.

Consistência: a medicação prepara o endométrio de forma consistente e segura, podendo levar a melhores resultados, principalmente nos casos em que a TEC em ciclo natural tenha falhado no passado.

Desvantagens da TEC artificial

Mais medicação: é necessário utilizar mais medicação, o que pode causar efeitos colaterais, como inchaço abdominal, alterações de humor e fadiga. O aumento da medicação também torna o processo mais complexo e pode ser desencorajador para algumas pessoas.

Maior monitorização: é necessário realizar análises ao sangue e ecografias regularmente, para verificar os níveis hormonais e as condições do endométrio, o que pode ocupar mais tempo e implicar mais visitas à clínica.

Custo: o uso de medicação e monitorização extra pode elevar o preço total do tratamento, o que pode ser um fator a ter em conta.

TEC em ciclo natural modificado

Uma TEC em ciclo natural modificado combina aspetos dos ciclos natural e artificial. Inclui alguma medicação para controlar a ovulação, mantendo a produção hormonal natural para preparar o endométrio. Este protocolo equilibra o uso do mínimo de medicação possível com o momento ideal de transferência do ciclo artificial.

Como funciona

  1. Indução da ovulação:
    É utilizada medicação, como o letrozol, para estimular a ovulação e garantir que ocorra de forma previsível, o que é muito importante para o agendamento da transferência.
  2. Monitorização:
    Após a indução da ovulação, os níveis hormonais naturais (estrogénio e progesterona) são monitorizados através de análises ao sangue e ecografias, para determinar o melhor momento para a transferência.
  3. Agendamento da transferência
    Quando a ovulação é confirmada e o endométrio está pronto, a transferência do embrião é agendada para coincidir com o ciclo natural do corpo. Isto garante que o útero esteja preparado para a implantação com uma dependência mínima em medicação adicional.

Vantagens da TEC em ciclo natural modificado

Abordagem equilibrada: um ciclo natural modificado permite mais controlo sobre o agendamento da transferência do que um ciclo totalmente natural, ao mesmo tempo que minimiza a utilização de medicação em relação a um ciclo artificial. Traz um equilíbrio entre os processos hormonais naturais e a precisão da intervenção médica.

Flexibilidade e controlo: é ideal para mulheres que ovulam naturalmente, mas que precisam de alguma assistência para otimizar o momento da transferência. Pode ser especialmente útil para mulheres com ciclos menstruais ligeiramente irregulares ou com problemas a nível da ovulação.

Desvantagens da TEC em ciclo natural modificado

Uso moderado de medicação: embora utilize menos medicação do que num ciclo artificial, não deixa de utilizar mais do que num ciclo natural. Isto pode causar alguns efeitos colaterais, ainda que sejam mais suaves do que em ciclos artificiais.

Mais monitorização: o acompanhamento dos níveis hormonais exige visitas regulares à clínica para análises ao sangue e ecografias. Pode ocupar algum tempo e, por isso, ser inconveniente para algumas pessoas.

Compreenda as transferências ao dia 3 e ao dia 5/6

O momento da transferência é uma decisão importante. Normalmente, os embriões são transferidos no 3º dia, ou 5º/6º após a fertilização. O Dr. Vladimiro Silva refere:

“As transferências ao dia 3 têm sido progressivamente abandonadas (na nossa clínica correspondem a menos de 1% de todas as transferências de embriões), mas podem fazer sentido em algumas situações.”

Transferência de embriões ao dia 3

O que é? A transferência ao dia 3 realiza-se com embriões que estiveram em desenvolvimento em laboratório durante 3 dias após a fertilização. Nesta fase, o embrião encontra-se, tipicamente, na fase de clivagem, consistindo em cerca de 6-8 células.

Porque é realizada?

  1. Transferência mais rápida: algumas clínicas preferem transferir os embriões mais cedo para o ambiente natural do útero. Pode ser importante em alguns períodos do ano (caso vá de férias, por exemplo), ou devido a restrições pessoais por parte das pacientes (vida profissional, etc.).
  2. Recursos limitados: em situações em que o ambiente do laboratório possa não conseguir suportar a cultura dos embriões por um período de tempo mais alargado, é preferível realizar a transferência ao dia 3.
  3. Embriões de qualidade inferior: quando as pacientes têm apenas um embrião em desenvolvimento, ou querem dar uma oportunidade de implantação a um embrião de qualidade inferior, sendo pouco provável que forme um blastocisto, a transferência ao dia 3 acaba por ser preferível. Esta nunca é a primeira opção, mas pode acontecer em circunstâncias muito específicas.

Transferência de embriões ao dia 5/6

O que é? A transferência ao dia 3 realiza-se com embriões que estiveram em desenvolvimento em laboratório durante 5 ou 6 dias após a fertilização. Nesta fase, o embrião encontra-se, tipicamente, na fase de blastocisto, caracterizada por um número de células mais elevado e uma estrutura mais complexa, incluindo uma massa celular interna e externa.

Porque é realizada?

  1. Melhor seleção
    Permitir que os embriões se desenvolvam até à fase de blastocisto ajuda os embriologistas a selecionar os mais viáveis. Os embriões menos propensos a resultar em gravidez muitas vezes não se desenvolvem até o dia 5/6.
  2. Taxas de implantação mais elevadas
    Os blastocistos têm taxas de implantação mais altas, pois estão mais desenvolvidos e mais próximos da fase em que estariam naturalmente no útero. Normalmente, apenas os melhores embriões atingem esta fase.
  3. Ambiente uterino natural
    No dia 5/6, o ambiente uterino alinha-se com o momento natural da chegada do embrião, o que pode melhorar a probabilidade de implantação.
  4. Risco de gravidez gemelar reduzido
    Devido às taxas de sucesso mais elevadas, pode ser necessário transferir menos embriões, reduzindo o risco de gravidez gemelar.

Diferenças entre as transferências ao dia 3 e 5/6

  1. Fase de desenvolvimento: os embriões no dia 3 estão na fase de clivagem com menos células, enquanto os embriões no dia 5/6 estão na fase de blastocisto com um desenvolvimento mais complexo.
  2. Processo de seleção: as transferências ao dia 5/6 permitem uma melhor seleção dos embriões mais saudáveis, o que pode aumentar as hipóteses de implantação e gravidez bem sucedidas.
  3. Ambiente uterino: as transferências ao dia 5/6 alinham-se mais estreitamente com o momento natural da chegada do embrião ao útero, criando potencialmente um ambiente mais favorável para a implantação.

Qual escolher?

A escolha entre uma transferência de embriões ao dia 3 ou ao dia 5/6 depende de vários fatores, incluindo:

    • Qualidade do embrião: o número e a qualidade dos embriões disponíveis.
    • Condições laboratoriais: a capacidade do laboratório para suportar a cultura de embriões por um período de tempo mais alargado.
  • A necessidade de realizar testes PGT: os testes genéticos pré-implantação devem ser sempre realizados em blastocistos. 
  • Recomendação do especialista: com base na experiência e nas taxas de sucesso.

O especialista em fertilidade ajudará a determinar o melhor momento para a transferência dos embriões, com base nas circunstâncias individuais de cada paciente e do seu ciclo de FIV. Hoje em dia, mais de 99% das nossas transferências de embriões são realizadas com blastocistos de 5 ou 6 dias.

Perguntas frequentes

Quanto tempo depois de uma transferência de embriões congelados posso fazer um teste de gravidez?

Deve esperar 10 a 14 dias após uma transferência de embriões congelados (TEC) antes de fazer um teste de gravidez. Este período de espera dá ao seu corpo tempo suficiente para que o embrião seja implantado no endométrio e para que a hCG (gonadotrofina coriónica humana), a hormona da gravidez, atinja níveis detetáveis.

Aqui está uma visão geral do que acontece durante este período de espera:

  1. Dias 1-5: implantação
    O embrião é implantado no endométrio nos primeiros cinco dias após a transferência.
  2. Dias 6-10: produção de hCG
    As células trofoblásticas ao redor do embrião começam a produzir hCG após a implantação. Os níveis hormonais aumentam à medida que a gravidez avança.
  3. Dias 10-14: deteção de hCG
    Nos dias 10 a 14, os níveis de hCG no sangue ou na urina costumam ser elevados o suficiente para a hormona ser detetada com um teste de gravidez.

Tipos de testes de gravidez:

  • Teste de gravidez em casa (HPT): estes testes podem ser utilizados cerca de 10 a 14 dias após a TEC. Detetam hCG na urina e são práticos para uso doméstico. Para obter resultados mais precisos, deve seguir as instruções cuidadosamente e fazer o teste logo pela manhã, quando os níveis de hCG estão mais concentrados.
  • Análises ao sangue: podem ser agendadas análises ao sangue cerca de 10 a 14 dias após a TEC. As análises ao sangue revelam a quantidade exata de hCG na corrente sanguínea e é um método mais preciso do que os testes de gravidez realizados em casa.

Porquê esperar 10-14 dias?

  • Maior prrecisão: os testes precoces podem resultar num falso negativo, uma vez que os níveis de hCG podem ainda não estar suficientemente elevados para serem detetados.
  • Redução de stress: esperar o tempo recomendado por completo pode ajudar a reduzir o stress emocional e a incerteza que os testes precoces criam.

É sempre melhor seguir as orientações específicas fornecidas pela clínica de fertilidade em relação ao momento do teste de gravidez após uma TEC. Podem ser agendadas análises ao sangue para confirmar a gravidez, o que apresenta resultados mais fiáveis.

Se obtiver um resultado positivo, com quantas semanas de gravidez estarei?

Caso obtenha um teste de gravidez positivo após uma transferência de embriões congelados (TEC), pode ser difícil perceber há quantas semanas está grávida, uma vez que depende da forma como as semanas são contadas. Na FIV, as semanas de gravidez são calculadas a partir de duas semanas antes da recolha de óvulos ou da ovulação, semelhante à forma como uma gravidez natural é datada a partir do último período menstrual (UPM).

A data da gravidez também depende da escolha do dia da transferência:

  • Ao dia 3: o embrião tem 3 dias no momento da transferência.
  • Ao dia 5: o embrião tem 5 dias no momento da transferência.

Exemplos de cálculos:

Transferência de embriões ao dia 5

  • Teste positivo 14 dias após a transferência = 5 dias (idade do embrião) + 14 dias (pós-transferência) + 14 dias (pré-recolha) = 33 dias (4 semanas, 5 dias de gravidez).

Transferência de embriões ao dia 3

  • Teste positivo 14 dias após a transferência = 3 dias (idade do embrião) + 14 dias (pós-transferência) + 14 dias (pré-recolha) = 31 dias (4 semanas, 3 dias de gravidez).

Regra geral simplificada:

  • Transferência ao dia 5: adicione 2 semanas ao número de dias após a transferência.
  • Transferência ao dia 3: adicione 2 semanas mais a idade do embrião no momento da transferência.

Confirme com a clínica:

A clínica de fertilidade consegue confirmar uma data mais precisa com base no tratamento realizado específico e através de uma ecografia de acompanhamento.

Escolher a melhor opção

As transferências de embriões são um passo fundamental na FIV, com opções com ciclos natural, artificial ou natural modificado.

Compreender estas escolhas contribui para conversas mais informadas com o especialista em fertilidade, para que possa encontrar a melhor abordagem, com base nas suas necessidades.

Na Ferticentro, combinamos tecnologia avançada com cuidados personalizados, e apoiamos os nossos pacientes ao longo de todo o processo para que o percorram com confiança.

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