Tipos de transferências de embriões congelados
As transferências de embriões podem seguir diferentes protocolos: TEC em ciclo natural, TEC em ciclo artificial, ou TEC em ciclo natural modificado. Vamos conhecer cada um deles.
Transferência de embriões congelados em ciclo natural
Uma transferência de embriões congelados (TEC) em ciclo natural ocorre quando o momento da transferência do embrião se alinha com o ciclo menstrual natural da paciente. Ao contrário dos ciclos artificiais, não são administradas hormonas adicionais. O processo depende da produção natural de estrogénio e progesterona para preparar o útero para a implantação.
Como funciona
- Monitorização da ovulação:
O processo começa com o acompanhamento do ciclo menstrual para identificar a ovulação. Isto é feito através de análises ao sangue, para verificar os níveis hormonais, e ecografias, para medir o crescimento dos folículos ováricos.
- Agendamento da transferência:
Depois de detetada a ovulação, a transferência do embrião é programada para coincidir com a subida natural da progesterona, garantindo que o endométrio esteja pronto para a implantação.
- Transferência do embrião:
Alguns dias após a ovulação, o embrião é descongelado e transferido para o útero, seguindo o ritmo natural do organismo.
Vantagens da TEC em ciclo natural
Menos medicação: este tipo de transferência utiliza apenas as hormonas produzidas pelo próprio corpo, reduzindo a quantidade de medicação necessária. Traduz-se em menos injeções e menos stress, tornando o processo mais simples e confortável. Devido à menor quantidade de medicação, o risco de efeitos colaterais dos tratamentos hormonais também diminui.
Ambiente Natural: a utilização do ciclo natural pode criar um ambiente mais favorável à implantação. Alguns estudos indicam que a utilização de hormonas naturais pode aumentar a probabilidade de uma gravidez bem-sucedida. Quando o organismo prepara o endométrio naturalmente, pode ser mais recetivo do que quando são utilizadas hormonas artificiais.
Apoio do corpo lúteo: após a ovulação, o corpo lúteo produz progesterona naturalmente, ajudando a manter o endométrio saudável, para facilitar a implantação e a gravidez.
Desvantagens da TEC em ciclo natural
Necessidade de ciclos regulares: uma TEC em ciclo natural é mais eficaz com ciclos menstruais previsíveis. Os ciclos menstruais irregulares dificultam a previsão da ovulação, o que é essencial para entender o momento ideal para a transferência.
Maior necessidade de monitorização: é necessário mais monitorização para identificar o período de ovulação, incluindo análises ao sangue e ecografias. Isto pode significar mais visitas à clínica, o que poderá ser inconveniente para algumas pessoas.
Menos controlo: o momento ideal para uma TEC em ciclo natural é menos previsível do que num ciclo artificial, o que poderá dificultar o agendamento, tanto para a paciente como para a clínica.
Transferência de embriões em ciclo artificial
Uma TEC em ciclo artificial utiliza hormonas para preparar o útero para a transferência, sem depender do ciclo menstrual natural. A medicação cria as condições ideais para a implantação, garantindo que o endométrio esteja pronto para o embrião.
Como funciona
- Suplementos de estrogénio:
O tratamento inicia com a administração de estrogénio, seja por comprimidos, adesivos ou injeções, para estimular o engrossamento do endométrio, para que aguente a implantação.
- Suplementos de progesterona:
Quando o endométrio atinge a espessura ideal, é introduzida a progesterona para estabilizar e preparar o útero para o embrião. A progesterona pode ser administrada sob a forma de injeções, supositórios vaginais, ou medicação por via oral.
- Momento ideal e monitorização:
O momento ideal para administrar estrogénio e progesterona é monitorizado cuidadosamente. Quando o endométrio estiver pronto, a transferência é agendada de forma a aumentar as probabilidades de sucesso.
Vantagens da TEC artificial
Maior controlo: uma das maiores vantagens da TEC em ciclo artificial é a capacidade de controlar precisamente a melhor altura para realizar a transferência do embrião. Através da utilização de hormonas suplementares, a transferência pode ser agendada para o momento mais conveniente para a paciente, garantindo que o endométrio esteja perfeitamente preparado para a implantação. Este controlo pode levar a uma maior probabilidade de sucesso.
Flexibilidade: é ideal para mulheres com ciclos menstruais irregulares, ou com historial de problemas a nível de espessura ou qualidade do endométrio. Uma vez que o processo não depende da ovulação natural, pode beneficiar um leque mais vasto de pacientes, incluindo mulheres com ciclos imprevisíveis.
Consistência: a medicação prepara o endométrio de forma consistente e segura, podendo levar a melhores resultados, principalmente nos casos em que a TEC em ciclo natural tenha falhado no passado.
Desvantagens da TEC artificial
Mais medicação: é necessário utilizar mais medicação, o que pode causar efeitos colaterais, como inchaço abdominal, alterações de humor e fadiga. O aumento da medicação também torna o processo mais complexo e pode ser desencorajador para algumas pessoas.
Maior monitorização: é necessário realizar análises ao sangue e ecografias regularmente, para verificar os níveis hormonais e as condições do endométrio, o que pode ocupar mais tempo e implicar mais visitas à clínica.
Custo: o uso de medicação e monitorização extra pode elevar o preço total do tratamento, o que pode ser um fator a ter em conta.
TEC em ciclo natural modificado
Uma TEC em ciclo natural modificado combina aspetos dos ciclos natural e artificial. Inclui alguma medicação para controlar a ovulação, mantendo a produção hormonal natural para preparar o endométrio. Este protocolo equilibra o uso do mínimo de medicação possível com o momento ideal de transferência do ciclo artificial.
Como funciona
- Indução da ovulação:
É utilizada medicação, como o letrozol, para estimular a ovulação e garantir que ocorra de forma previsível, o que é muito importante para o agendamento da transferência.
- Monitorização:
Após a indução da ovulação, os níveis hormonais naturais (estrogénio e progesterona) são monitorizados através de análises ao sangue e ecografias, para determinar o melhor momento para a transferência.
- Agendamento da transferência
Quando a ovulação é confirmada e o endométrio está pronto, a transferência do embrião é agendada para coincidir com o ciclo natural do corpo. Isto garante que o útero esteja preparado para a implantação com uma dependência mínima em medicação adicional.
Vantagens da TEC em ciclo natural modificado
Abordagem equilibrada: um ciclo natural modificado permite mais controlo sobre o agendamento da transferência do que um ciclo totalmente natural, ao mesmo tempo que minimiza a utilização de medicação em relação a um ciclo artificial. Traz um equilíbrio entre os processos hormonais naturais e a precisão da intervenção médica.
Flexibilidade e controlo: é ideal para mulheres que ovulam naturalmente, mas que precisam de alguma assistência para otimizar o momento da transferência. Pode ser especialmente útil para mulheres com ciclos menstruais ligeiramente irregulares ou com problemas a nível da ovulação.
Desvantagens da TEC em ciclo natural modificado
Uso moderado de medicação: embora utilize menos medicação do que num ciclo artificial, não deixa de utilizar mais do que num ciclo natural. Isto pode causar alguns efeitos colaterais, ainda que sejam mais suaves do que em ciclos artificiais.
Mais monitorização: o acompanhamento dos níveis hormonais exige visitas regulares à clínica para análises ao sangue e ecografias. Pode ocupar algum tempo e, por isso, ser inconveniente para algumas pessoas.